No fim de 2020, 19,1 milhões de brasileiros conviviam com a fome. Em 2022, são 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer.

Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). A pesquisa mostra que a insegurança alimentar se tornou ainda mais presente entre as famílias brasileiras. O número de domicílios com moradores passando fome saltou de 9% (19,1 milhões de pessoas) para 15,5% (33,1 milhões de pessoas). São 14 milhões de novas pessoas em situação de fome em pouco mais de um ano.

Além disso, 125,2 milhões de pessoas convivem com algum grau de insegurança alimentar, algo que corresponde a 58,7% da população brasileira. Comparando com 2020, houve aumento de 7,2% e na análise com 2018, o avanço alcança 60%.

O estudo foi realizado com base em estatísticas coletadas entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir de entrevistas em 12.745 domicílios. O resultado completo pode ser acessado no site: Olhe para a Fome.

Com sedes em São José, Joinville, Chapecó, Blumenau e Lages, a iniciativa contribuiu para a cidadania, sustentabilidade e realização do Direito Humano à Alimentação Adequada, conectando parceiros, recolhendo onde sobre e levando onde falta.

Para agir contra o veloz avanço da fome no país e envolver toda a sociedade em uma ampla mobilização solidária, o Mesa Brasil Sesc intensificou sua ação durante a pandemia, com campanhas emergenciais, fortalecimento de parcerias e a possibilidade de doação em dinheiro via PicPay. No ano passado registramos o recorde de 3.474.570 Kg de alimentos distribuídos.

Neste ano, de janeiro a maio, o programa já distribuiu 1.365.663 Kg de alimentos, doados por 297 empresas parceiras, beneficiando 64.512 pessoas, atendidas por 473 instituições sociais em 63 municípios de Santa Catarina. Desenvolveu ainda 140 ações educativas, para capacitação de voluntários e das equipes das instituições sociais atendidas.

Os números são fruto de um trabalho em conjunto e mostram o empenho desta rede do bem, para reduzir o desperdício de alimentos e oferecer melhores condições nutricionais para milhares de pessoas, bem como minimizar os impactos da fome, que voltou a crescer no Brasil com pandemia de Covid-19.

Insegurança alimentar 

A insegurança alimentar é a condição de não ter acesso pleno e permanente a alimentos. Ela é classificada em três níveis: leve, moderada e grave. A fome representa sua forma mais grave.

- Leve: quando a família possui preocupação ou incerteza sobre o acesso aos alimentos no futuro, com qualidade inadequada, resultado de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentos. Já atinge 28% da população.

- Moderada: quando existe redução quantitativa de alimentos entre adultos ou mudança nos padrões alimentares por falta de alimentos. Já atinge 15,2% dos brasileiros.

- Grave: quando existe redução quantitativa dos alimentos entre as crianças, com mudanças nos padrões alimentares por conta da falta de alimentos. Nesse contexto, a fome passa a ser uma realidade dentro do lar. Esse cenário já atinge 15,5% da população.