Dica de leitura: 3 livros incríveis, por Diego Callazans


15/06/2018 - Atualizado em 22/11/2021 - 653 visualizações

Perguntamos ao escritor Diego Callazans quais foram os livros mais transformadores em sua vida. O resultado é uma seleção de três livros imperdíveis: Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, Orlando: Uma biografia, de Virgínia Woolf, e Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe.

Diego Callazans é um dos escritores selecionados no edital de Residência Literária do Sesc em Santa Catarina. Jornalista de Aracaju (SE), está hospedado no Hotel Sesc Blumenau desde o dia 15 de junho, onde permanecerá até 15 de julho para se dedicar à escrita de seu primeiro romance, Urinol.

Os três livros indicados pelo escritor estão disponíveis para empréstimo nas Bibliotecas do Sesc em Santa Catarina. Clique aqui e confira o acervo

A primeira obra recomendada por Diego é Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Segundo ele, seu livro preferido. “É dos livros mais importantes da literatura mundial. E deve ser lido ainda hoje. Sempre que você relê, tem algo novo que aprende com ele.”

O segundo, Orlando: uma biografia, de Virgínia Woolf: “Um livro sobre uma pessoa que magicamente muda de sexo de uma parte do livro para outra. Mostra como a sociedade trata diferente os homens e as mulheres. É a sociedade da época da escritora, mas a crítica que ela faz ainda é muito atual. Até o modo de pensar altera quando é homem e quando é mulher, e isso é feito de um jeito genial”, descreve.

O terceiro é Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe, uma colatânea feita por Charles Baudelaire para apresentar Poe à sociedade francesa. Reúne contos de terror e policiais – gênero do qual Allan Poe é um dos precursores. “Particularmente é um dos grandes nomes do formato conto. É formidável para servir de base para novos leitores e escritores”.

Confira a seguir cada uma das obras indicadas:

Romance desenvolvido em princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880, na Revista Brasileira, que virou livro no ano seguinte.

Narrado em primeira pessoa, seu autor é Brás Cubas, um "defunto-autor", isto é, um homem que já morreu e que deseja escrever a sua autobiografia. Nascido numa típica família da elite carioca do século XIX, do túmulo o morto escreve suas memórias póstumas começando com uma "Dedicatória": Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas. Seguido da dedicatória, no outro capítulo, "Ao Leitor", o próprio narrador explica o estilo de seu livro, enquanto o próximo, "Óbito do Autor", começa realmente com a narrativa, explicando seus funerais e em seguida a causa mortis, uma pneumonia contraída enquanto inventava o "emplastro Brás Cubas", panaceia medicamentosa que foi sua última obsessão e que lhe "garantiria a glória entre os homens".

O livro tem como marcas um tom cáustico e novo estilo na obra de Machado de Assis. Retrata a escravidão, as classes sociais, o cientificismo e o positivismo da época, chegando a criar, inclusive, uma nova filosofia — mais bem desenvolvida posteriormente em Quincas Borba (1891) — o Humanitismo, sátira à lei do mais forte.

Publicado em 1928, considerado um dos romances mais acessíveis de Woolf. Orlando, jovem inglês que nasce na Inglaterra da Idade Moderna e, durante uma estada na Turquia, simplesmente acorda mulher. A personagem é dotada de imortalidade e o livro acompanha Orlando por seus 350 anos de vida. Bem-humorado, é um dos grandes exemplares do modernismo inglês e um dos ápices da arte literária de Virginia Woolf. Há um lado quixotesco em Orlando, que trabalha as ambiguidades da identidade feminina e masculina e suas relações com a condição humana. A transformação da personagem em mulher é vista como um acontecimento cotidiano, bem como seus amores. Como na maioria dos romances de Virginia Woolf, o tempo, enquanto variante literária e estilística, é um dos temas do romance. Trata-se de uma preocupação em relacionar o tempo da história (350 anos de história britânica e de vida de um personagem) e o tempo da narrativa.

Reúne dezoito contos assombrosos de Edgar Allan Poe, com seleção, apresentação e tradução do poeta José Paulo Paes. Este livro traz, entre outras obras-primas do mestre do suspense e do mistério, “A carta roubada”, “O gato preto”, “O escaravelho de ouro”, “O poço e o pêndulo” e “O homem da multidão”.

O caráter macabro das histórias, dotadas de profundidade psicológica e imersas em uma atmosfera eletrizante, continua a conquistar novos leitores e a afirmar sua condição de clássico. Nas palavras de Paes, “Poe sempre consegue provocar-nos aquele arrepio de morte ou aquela impressão de vida que, em literatura, constituem o melhor, senão o único, passaporte para a imortalidade”.

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