Dicas de livros da Rede Sesc de Bibliotecas: literatura para combater o racismo


07/10/2022 - Atualizado em 20/10/2022 - 1452 visualizações

Leia o mundo com outras vozes: literatura para combater o racismo

A literatura tem o poder de agir como um transformador, colocando a diversidade sob os holofotes. Através dos livros, pessoas que são, muitas vezes, silenciadas pela sociedade, têm lugar de fala.

Desta forma, a literatura tem o poder de mostrar determinadas realidades, assim como, representar lutas e narrativas, que possibilitam aos leitores enxergar o mundo por outros olhos.

Com a proposta de lermos o mundo com outras vozes, a Rede de Bibliotecas do Sesc-SC realiza neste mês mais uma edição do evento Biblioteca Inquieta. A programação acontece de 24 a 28 de outubro, na Semana do Livro e da Biblioteca.

Literatura negra

Uma das temáticas abordadas no evento é a literatura negra, que se consolida no final do século XX, com o fortalecimento e o surgimento dos movimentos negros. O renascimento negro ou o chamado “Black Renaissance”, de 1920, teve como objetivo resgatar o vínculo dos negros na diáspora com a sua ancestralidade, fazendo assim, com que questionassem a classe média branca norte americana e a diferença de privilégios de direito, ao mesmo tempo em que se denunciava a segregação racial no país.

No Brasil, a produção literária negra é datada do século XIX, com grandes figuras abolicionistas intelectuais como: Luiz Gama e Maria Firmino dos Reis, a primeira romancista negra da América Latina.

A literatura exerce um papel fundamental na luta antirracista, pois ao apresentar trabalhos que dão destaque para autores e autoras negros e negras, assim como personagens negros em papéis de grande importância na narrativa, por exemplo, criamos um ponto de identificação e de representação, e representatividade e é essencial.

O evento será um convite para que as pessoas se conheçam uma literatura diversa produzida no país e no mundo e que pode ser encontrada nas Bibliotecas do Sesc.

Até lá, aproveite as dicas de leitura, para todas as idades, selecionadas pela nossa equipe de Biblioteca. 

Este post tem a colaboração de:

Dego Mendes, assistente de Biblioteca do Sesc Estreito;
Felipe Ribeiro do Amaral, assistente de Biblioteca do Centro Cultural Vidal Ramos Sesc Lages; e
Nataly Oliveira, técnica de Cultura do Sesc Estreito e Palhoça.

10 indicações literárias para combate ao racismo:

Livro: Amoras
Autor: Emicida


Em seu primeiro livro infantil, Emicida conta uma história cheia de simplicidade e poesia, que mostra a importância de nos reconhecermos nos pequenos detalhes do mundo. Na música “Amoras”, Emicida canta: “Que a doçura das frutinhas sabor acalanto/ Fez a criança sozinha alcançar a conclusão/ Papai que bom, porque eu sou pretinha também”.

E é a partir desse rap que um dos artistas brasileiros mais influentes da atualidade cria seu primeiro livro infantil e mostra, através de seu texto e das ilustrações de Aldo Fabrini, a importância de nos reconhecermos no mundo e nos orgulharmos de quem somos — desde criança e para sempre.

“Um livro que rega as crianças com o olhar cristalino de quem sonha plantar primaveras para colher o fruto doce da humanidade.” — Sérgio Vaz


Livro: Meio Sol Amarelo
Autora: Chimamanda Ngori Adichie


Em meio à guerra fratricida que dividiu a Nigéria com a malograda tentativa de fundação do estado independente de Biafra, um grupo de pessoas busca provar a si mesmas e ao mundo que é capaz não só de sobreviver, mas também de resguardar seus sonhos e sua integridade moral. Garoto de aldeia, Ugwu procura se ajustar a uma realidade em rápida transformação.

Olanna é uma moça da alta sociedade que se torna professora universitária e vive com Odenigbo, que abraça a causa revolucionária. Jornalista com ambição de se tornar escritor, Richard se apaixona pela irmã de Olanna, Kainene, figura esquiva, que reage com pragmatismo ao desmoronamento da nação.

Baseado em fatos reais transcorridos na década de 1960, este romance da premiada escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie vai além do mero relato, transformando- se em um grandioso painel sobre indivíduos vivendo em tempos de exceção, um livro que a crítica internacional aproxima de V. S. Naipaul, Chinua Achebe e Nadine Gordimer.


Livro: Olhos d´água
Autora: Conceição Evaristo


Em "Olhos d’água", Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. 

Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida?

Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”.

Em "Olhos d’água" estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.


Livro: Quem tem medo do feminismo negro?
Autora: Djamila Ribeiro
 

"Quem tem medo do feminismo negro?" reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista Carta Capital, entre 2014 e 2017.

No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação.

Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante.

Muitos textos reagem a situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade.

Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.  


Livro: Torto Arado 
Autor: Itamar Vieira Junior 


Nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas ― a ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com maestria e com uma prosa melodiosa, o romance conta uma história de vida e morte, de combate e redenção.


Livro: Broquéis Faróis
Autor: Cruz e Sousa 


O livro que deu início concreto ao Simbolismo no Brasil, considerado um marco renovador da expressão poética em língua portuguesa; "Faróis" (1900), em que o autor adota uma postura mais intimista e "Últimos Sonetos" (1905), no qual explorou o ideal simbolista de encontrar o poder pleno da palavra. Conhecido como o “poeta negro”, Cruz e Sousa viveu por uma poesia de agudo senso estético e de autenticidade, tendo como legado uma obra profunda e bela que ainda tem muito para ser conhecida.


Livro: A liberdade é uma luta constante
Autora Angela Davis 


O livro da ativista política Angela Davis reúne uma ampla seleção de seus artigos, discursos e entrevistas recentes realizados em diferentes países entre 2013 e 2015, organizados pelo militante dos direitos humanos Frank Barat.

Os textos trazem reflexões sobre como as lutas históricas do movimento negro e do feminismo negro nos Estados Unidos e a luta contra o apartheid na África do Sul se relacionam com os movimentos atuais pelo abolicionismo prisional e com a luta anticolonial na Palestina. 

Além de sua reconhecida atuação política no combate ao racismo, Davis denuncia também o sexismo, demonstrando de forma muito objetiva a relação entre a violência contra a mulher e a violência do Estado.De acordo com a autora, não há possibilidade de se combater a violência sem desmontar as estruturas do sistema capitalista.


Título: Questão de pele
Autor: Luiz Ruffato


"Questão de pele", antologia organizada por Luiz Ruffato, reúne contos sobre o preconceito racial mediante uma perspectiva diacrônica. De Maria Firmina dos Reis (1825-1917) a Cidinha da Silva (1967), este livro compreende um século de discussões em torno do racismo.

Além de contos pouco conhecidos e outros já clássicos - Como os de Machado de Assis e Lima Barreto -, "Questão de pele" traz a análise consciente de Conceição Evaristo, uma das maiores especialistas no assunto, e um apêndice com o relato de Mahommah G. Baquaqua, ex-escravo que passou pelo Brasil.


Livro: Quarto de despejo
Autora: Carolina Maria de Jesus  


O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.


Livro: Contos Africanos para crianças brasileiras
Autor: Rogério de Andrade Barbosa


Pesquisas do autor sobre o universo da literatura tradicional do continente africano renderam esses dois contos de animais: a eterna luta entre o gato e o rato e o porquê de os jabutis terem os cascos rachados. 

Com eles, as crianças podem entender melhor nossa pluralidade e a diversidade cultural. 

Prêmios: Academia Brasileira de Letras - Prêmio Literatura Infantojuvenil (2004). Altamente Recomendável FNLIJ - Categoria Reconto (2004). Indicado para os anos iniciais do Ensino Fundamental 3º ano e 4º ano.


A rede de bibliotecas Sesc-SC oferece a seus usuários um sistema interativo de bibliotecas que possibilita além de possibilitar o empréstimo e devolução de livros, possui ferramentas como das redes sociais possibilitando que o leitor participe de fóruns, crie listas e até mesmo escreva resenhas sobre seus livros favoritos podendo indicar o título para um amigo e demais usuários do sistema.

Para mais livros de Literatura Negra siga nossa lista no sistema i10: https://sesc.i10bibliotecas.com.br/lista/322 

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