Julho é o último mês para conferir a exposição temporária Boi de Mamão, no Museu de Florianópolis


13/07/2022 - Atualizado em 14/07/2022 - 1521 visualizações

Você conhece o Boi de Mamão? O folguedo (festa popular) do Boi de Mamão é popular no litoral catarinense e em 2019, foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial ou Intangível de Florianópolis (SC).

O Boi de Mamão é uma das tradições folclóricas mais antigas de Santa Catarina, principalmente nas regiões litorâneas. Ela narra a história da morte do boi, que não é aceita pelo seu dono Mateus e vai em busca de um médico para ressuscitá-lo.

Mas a história não é nada triste. Durante o enredo, vários personagens aparecem com suas danças: o ágil cavaleirinho, a rodopiante Maricota, a danada da Bernúncia, entre muitos outros. Ao final da saga o boi volta à vida e todos comemoram com muita dança e cantoria!

Quem quiser conhecer mais é só passar pela sala da exposição temporária no Museu de Florianópolis, até dia 31 de julho de 2022. O visitante poderá interagir com essa cultura tradicional da cidade através da música e dos personagens, que ganham vida no colorido dos desenhos e sua projeção visual na exposição. A concepção expográfica é da Cafundó Estúdio Criativo.

Conheça alguns dos personagens do Boi de Mamão:

Boi

Figura central. Ele passa por diversas situações durante a apresentação tão tradicional aqui em Florianópolis. A história cômica mostra a morte e a ressurreição do Boi, além da interação de diversos personagens que apresentaremos nos demais posts. 

A saga do boi é recheada de muita dança e cantoria tradicionais de Floripa, como é carinhosamente chamada pelos turistas a Capital dos catarinenses. Antigamente o folguedo do boi era conhecido como boi de pano, mas ocorre que, com a pressa de fazer a cabeça, foi usado um mamão verde.

Cantando o Boi de Mamão

"|: Vamos moreninha.
Vamos até lá.
Vamos lá na vila, para ver meu Boi dançar :|

|: Eu caio, eu caio.
Na boca da noite.
Sereno, eu caio :|

|: A folha do limoeiro,
tem cheiro de limão.
Morena me dá um beijo,
que eu te dou meu coração :|

Ai, ai, ai meu boizinho é dançador!
Ai, ai, ai meu boizinho é dançador!"

Dono do Boi

Na maior parte dos casos, se chama Mateus. Em algumas versões, é ele quem mata o seu boizinho, porque Maria (sua esposa), grávida, acorda com desejo de coração de boi – mas ao ver o sofrimento que causou no marido, Maria vai atrás de alguém que possa ressuscitar o bichinho.

Também há outras versões da cantoria, em que o boi morre doente e, ao encontrá-lo, Mateus fica desesperado e vai em busca de uma benzedeira para ajudá-lo.

Boi Adoece

"O meu Boi morreu,
que será de mim.
Manda buscar outro, maninha,
lá no..."

Urubu

Ele se aproveita da morte do boizinho para fazer um banquete – beliscando e mordiscando o animal após a sua morte. Mas, logo ele é afugentado pelo público ou por outros personagens. Em algumas versões do folguedo o urubu nem aparece.

O Urubu Pinica o Boi

"Urubu foi numa festa com fama de dançador.
Convidou moça bonita prá dançar,
mas não dançou.

Olha a dança, Urubu!
- Não sei dançar!
Olha a moça, Urubu!
- Não sei dançar!"


Doutor

Por vezes aparece na narrativa como curandeiro ou benzedeiro, este personagem entra em cena para curar o boi doente – quase morto ou à beira da morte. Embora essencial para a trama, o doutor nem sempre tem música própria. 

Vem cá, Doutor!

"Ô, seu Doutor!
Ô, seu Doutor!
Ô, seu Doutor!

Ai, que dor!
Ai, que dor!"

O Boi está curado

"E alevanta boi malhado e alevanta devagar.
Vem cá, meu Boi, iaiá!
Esse Boi não é daqui é de lá do...

Vem cá, meu Boi, iaiá!
E alevanta devagar que é pra não se machucar.

Vem cá, meu Boi, iaiá!
Esse Boi come banha dá galhada lá na Vânia.

Vem cá, meu Boi, iaiá!
Esse Boi está por perto da galhada no Gilberto.

Vem cá, meu Boi, iaiá!
Esse Boi quer marmelada.
Dá galhada na criançada.

Vem cá, meu Boi, iaiá!
Esse Boi come farinha dá galhada no Peninha.

Vem cá, meu Boi, iaiá!"

Cavaleiro e cavalinho

O cavalinho sempre aparece depois que o Doutor traz o boizinho de volta à vida. Às vezes, as letras comentam sobre a pessoa que monta o cavalo, mas nem sempre. 

Cavalinho Laça o Boi

"O meu cavalinho ele já chegou.

|: E o dono da casa já cumprimentou :|

Lê, lê, lê, lê ... Olará!
O meu cavalinho cavalo de raça.

|: Bota o Boi no laço e leva ele na praça :|

Lê, lê, lê, lê ... Olará!
Lá vai, lá vai lá vai deixa-lo ir.

|: Se tiver amor ele vai e torna a vir :|

Lê, lê, lê, lê ... Olará!"

Cabra

Assim como o Urubu, é um dos personagens que não estão sempre presentes no folguedo. Diz-se que na verdade ela não é uma cabra de verdade, mas um boi manso – ou boi que não quer brigar.

A Cabra Dança

"Eh, Cabra! Eh Cabra!
E dá um pulo e dá um berro.

Eh, Cabra! Eh Cabra!
E olerê olará.

Eh, Cabra! Eh Cabra!
E dá um pulo e dá um berro.

Eh, Cabra! Eh Cabra!
Quero ver ela dançar.

Eh, Cabra, eh, Cabra!
Eh, Cabra, eh, Cabra!

Lê, lê, lê, lê ... Olará!"

Urso

Os ursos são mais um dos personagens do folguedo do Boi de Mamão. Assim como outros personagens, os ursos não estão em todas as versões do folguedo. Andam sempre em dupla: o Urso Preto e o Urso Branco. 

Eles entram em cena para causar um alvoroço na roda – seja brincando e encrencando com outros personagens, ou beliscando e cutucando o público que assiste à cantoria.

Urso Preto Brincalhão

"Olha o Urso Preto meu bicho, vem cá.
E olha o Urso Preto meu bicho, vem cá.

Ele é sapequinha, ele quer incomodar.
Ele faz cosquinha, ele quer incomodar.

E olha o Urso Preto meu bicho, vem cá.
E olha o Urso Preto meu bicho, vem cá.

Macaco

Um personagem muito sapeca e brincalhão, que mexe com crianças e adultos sem distinção. Enquanto ele roda pela roda é guiado pela seguinte cantiga:

Macaco Sapeca

"|: Ô seu Macaco, oi! :|

Subiu num coqueiro bem alto.

|: Pegou um coco, oi! :|

E jogou na cabeça dos adultos.

|: Ô seu Macaco, oi! :|

Subiu num coqueiro bem alto.

|: Pegou um coco, oi! :|

E jogou na cabeça das crianças."”

Bernúncia

É um dos maiores personagens do folguedo do Boi de Mamão, ela é uma espécie de mostro/dragão que come gente. Na dançaria ela abre a sua bocarra pela roda e vai engolindo algumas pessoas do público.

Em algumas versões do folguedo, a Bernúncia está grávida e dá à luz a Bernuncinha – um monstrinho/dragão, menor que a Bernúncia, que come as crianças que estão assistindo ao folguedo do boi.

Bernúncia Boca Grande

“Estava deitado na cama,
quando ouvi falar em guerra.
Quando acaba era a Bernúncia,
que vinha descendo a serra.

|: Olê, olê, olê, olê, olá.
Arreda do caminho,
que a Bernúncia que passar. :|

A Bernúncia é bicho brabo,
que engoliu Mané João.
Come pão, come bolacha.
Come tudo que lhe dão.

|: Olê, olê, olê, olê, olá.
Arreda do caminho,
que a Bernúncia que passar :|"

Maricota

É uma personagem que não tem como perder de vista no folguedo do Boi de Mamão – seja pelo seu tamanho (podendo chegar a até 3 metros de altura) ou pelos seus longos braços rodopiantes, que acertam a cabeça de todo mundo, se não tomar cuidado! 

A personagem da Maricota foi introduzida no folguedo do Boi de Mamão no século XX, pois os registros anteriores não a mencionam.

Dança da Maricota

"Fizemos um baile bonito fizemos um baile de cota.

|: Está chegando a hora de dançar a Maricota :|

Dona Maricota nariz de pimentão,
deixou cair as calças no meio do salão.

A dona Maricota ela é moça bonita.
Ela é tão comprida que parece um pau de fita.

Lê, lê, lê, lê ... Olará!"

Grande Baile de Despedida

"Vamos embora minha gente.
Bananeira chorá, chorá.

Pr’um lugar bem diferente.
Bananeira chorá, chorá.

Nosso Boi já vai s’embora,
e agradece o povo daqui.

Obrigado pelas palmas.
Vamos voltar pr’o...

Nosso Boi já vai.
Vai deixar saudades.

|: Ele é brincador,
pra todas idades. :|

Lê, lê, lê, lê ... Olará!"


Fonte: Cifras do CD Boi de Mamão do Núcleo de Desenvolvimento Infantil da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc).

O folguedo do Boi de Mamão é uma manifestação cultural, cada região – cidade e até em alguns bairros podem apresentar diferenças na história. Seja pelo personagem, que aparece aqui, ou pela letra da música cantada.

Conheça o Museu de Florianópolis

Inaugurado em novembro de 2021, em uma parceria entre o Sesc Santa Catarina e a Prefeitura Municipal, o Museu de Florianópolis está localizado no prédio histórico que sediou a antiga Casa de Câmara e Cadeia, na Praça XV de novembro. O espaço cultural inovador, tecnológico e interativo consolidou-se como um importante atrativo turístico para a Capital catarinense, que dinamiza o centro histórico, ao lado de outras instituições vizinhas.

No local é possível encontrar a exposição de longa duração composta por seis módulos expositivos que se propõem a representar Florianópolis em suas variadas dimensões. Há também uma exposição temporária – até dia 31 de julho de 2022, com uma mostra interativa sobre o Boi de Mamão, além de espaço para as ações educativas e Café da Museu, com um cardápio que remete à cultura local.

Sala expositiva: “Um edifício, muitas memórias”

Mostra temporária sobre o Boi de Mamão

Horário de visitação:

Março a novembro*: de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h (última entrada às 18h30), finais de semana e feriados das 10h às 16h.
Dezembro a fevereiro*: de segunda a sexta-feira, das 10h às 20h (última entrada às 19h30), finais de semana e feriados das 10h às 16h.
*Fechado às terças-feiras para expediente interno.
*Permanência permitida até 20 minutos após o horário de fechamento

Valor do Ingresso:

R$ 10,00 normal.
R$ 5,00 meia entrada.

Museu de Florianópolis
Praça XV de novembro, 214, Centro
CEP: 88010-400 - Florianópolis/SC
Telefone: + 55 48 3222.1333
WhatsApp: 98871.9946
E-mail: museu@sesc-sc.com.br

O Museu de Florianópolis está em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

O Sesc-SC é uma Instituição comprometida com o alcance das metas globais da Agenda 2030. A Instituição é signatária do Movimentos Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Santa Catarina desde 2009, assumindo compromissos com a incorporação e disseminação dos 17 ODS.

Destacamos ao longo das matérias publicadas aqui no Blog Sesc-SC as nossas práticas. Essas ações são identificadas com os ícones dos ODS com os quais estão alinhados. No caso do Museu de Florianópolis são os números quatro (Educação de Qualidade), onze (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e dezesseis (Paz, Justiça e Instituições Eficazes)..

ODS 4

ODS 11

ODS 16

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