Seis perguntas para Ana Botafogo


03/10/2018 - Atualizado em 04/10/2018 - 1689 visualizações

Conversamos com a bailarina Ana Botafogo durante as comemorações de inauguração do Sesc Concórdia. Ela falou sobre a importância da dança, da cultura e transformação que a arte promove na vida das pessoas. A entrevista em vídeo pode ser assistida ao vinal desta matéria, ou em nosso canal no Youtube.

Ana Botafogo é o principal nome da dança clássica brasileira. Começou a fazer iniciação musical aos seis anos de idade, e aos onze já dançava no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro nas apresentações de final de ano da academia que frequentava. Começou a carreira profissional na França, participando de festivais por toda a Europa. Em 1981, tornou-se a Primeira Bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, já tendo dançado, desde então, clássicos do ballet como A Bela Adormecida, O Quebra-Nozes, Giselle, Romeu e Julieta, La Sylphide, Dom Quixote, La Bayadéré, O Lago dos Cisnes e Onegin entre outros. Hoje, aos 61 anos, trabalha também como atriz e realiza palestras e workshops pelo Brasil.

A bailarina esteve em Concórdia em agosto, onde apresentou uma palestra e realizou oficinas de Dança para bailarinos iniciantes e profissionais. Aproveitamos a ocasião para ouvir sobre sua história e ouvir dicas para quem quer seguir a carreira. Confira.

O que te despertou para começar a dançar?

Como muitas das meninas, a dança aprareceu na minha vida levada por minha mãe. Ela gostava muito de dança, já tinha aprendido ballet quando adolescente, e logo no começo o que me encantou foi não só a movimentação, mas a musicalidade. Então eu passsei a usar a música e aprender a dar aqueles pequenos passinhos de ballet com muita alegria. Eu gostava, mas não imaginava que um dia seria uma profissional. Até que fui ficando cada vez mais interessada. Com 11 anos fui para outra academia onde depois de 1 ano passei a praticar todos os dias. E foi assim que o encantamento com a dança foi crescendo cada vez mais até eu virar profissional.

Quais suas principais memórias no palco?


No palco eu sempre tive grandes alegrias. As minhas memórias do palco são: dever cumprido e sobretudo quando eu tinha o reconhecimento do público, que eram os aplausos. Do que que o artista mais gosta? Os aplausos!

Depois de tantos anos de carreira o que ainda te motiva a compartilhar os seus ensinamentos de dança por diversas partes do país, como aqui em Concordia?

Ao longo da minha carreira eu sempre quis compartilhar com o público, com os jovens bailarinos, a arte da minha dança. Por isso dancei tanto pelo Brasil de norte a sul, de leste a oeste, levando sempre a minha arte ao vivo. Eu achava mais emocionante ver o artista de pertinho do que só em vídeos. E claro que isso foi um mote na minha carreira, e talvez por isso eu tenha desbravado tanto esse Brasil e tenha ficado mais conhecida, porque eu fui a muitas cidades brasileiras levando a minha arte.

E o que me motiva mesmo agora, dançando tão pouquinho, são os jovens. Levar a minha arte, ou a paixão que eu sempre tive pela minha arte, eu quero transmitir a essas novas gerações. Eu quero que eles saibam a importância da dança, da cultura, da cultura no nosso país, e a transformação que podemos ter em nossas vidas através, nesse caso, da dança.

Por isso eu tenho levado de norte a sul, de leste a oeste novmamente, a minha palavra, a minha experiência, a minha história de vida mostrando que é possível, através da dança, viver de dança e fazer da dança uma razão de vida. E também levando os meus ensinamentos, o que eu aprendi com grandes coreógrafos, diretores, ensaiadores, hoje eu acho que é minha missão passar para os jovens bailarinos. O que eu quero é que eles também possam sempre encantar o público.

Como você avalia as oportunidades de se estudar e pesquisar dança no país hoje?


Claro que nós melhoramos muitos, temos muito cursos de dança, inclusive em nível superior. Mas eu acho que ainda a pesquisa é pouca. A tribo da dança tenta ter acesso a essas pesquisas, mas acho que ainda há poucos incentivos. Claro que hoje com a internet temos muitas possibilidades, mas para que haja uma pesquisa maior, e que fale de corpo, movimento, educação e saúde, eu acho que ainda falta bastante para que a gente possa ter essa interação e tirar um proveito maior desse estudo. Falta muito incentivo, apoio e interesse dentro dessa matéria.

Quais são os maiores desafios na rotina de uma bailarina?

Persistência, disciplina, não esmorecer. O trabalho diário é fundamental. Talvez os maiores desafios sejam: não se machucar, não ter dores que impossibilitem o trabalho diário, que o atleta bailarino está predisposto a isso. E é sobretudo conseguir manter a disciplina. Com disciplina a gente vai em frente. Talvez por isso eu tenha conseguido ter uma carreira tão longa, porque consegui ter uma disciplina. Eu tinha um trabalho diário, era contratada por uma companhia, e isso faz diferença. Eu tinha regras, horários, professores e superiores a mim que eu tinha que seguir. E eu acho que o atleta bailarino precisa de um comando, um professor ou ensaiador, um olhar de fora. É muito difícil estar sozinho em uma arte que exige tanto do físico e do emocional, a parte física precisa ser treinada todos os dias e isso é um desafio.

A cultura brasileira é muito rica e diversificada no país e reflete a pluralidade do nosso povo. O país tem passado por uma importante transformação social, política e econômica. Nesse sentido, para você qual o papel da cultura e da arte nesse processo?

A arte e a cultura têm papel fundamental exatamente nessa pluralidade de manifestações do povo. Eu enquanto artista gostaria de dizer que a arte, cultura e educação são pilares importantíssimos para o desenvolvimento e a manutenção da nossa nação.




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