Sesc abre exposições de artes visuais em Lages e Joaçaba


30/05/2019 - Atualizado em 31/05/2019 - 440 visualizações

No dia 06 de junho, o Sesc Santa Catarina abre duas exposições no Estado, com visitação gratuita. Pelo projeto nacional Arte Sesc, o Sesc Joaçaba recebe a mostra “Carlos Vergara viajante: experiência de São Miguel das Missões”. Em Lages, o Centro Cultural Vidal Ramos Sesc apresenta a exposição “Ensaio sobre as nuvens”, pelo Circuito Propagações.

JOAÇABA

A exposição “Carlos Vergara viajante: experiência de São Miguel das Missões”, abre no dia 6 de junho, às 20h, na Galeria do Sesc Joaçaba (Rua Getúlio Vargas, 285 – centro). A visitação acontece de 07 de junho a 26 de julho, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, com entrada gratuita.

A mostra circula pelo projeto nacional ArteSesc com 14 obras divididas entre monotipia em tecido, monotipia e pintura em lona crua, montagens fotográficas e vídeo. Carlos Vergara viaja para pintar, buscando no deslumbramento do ver pela primeira vez a força motriz da sua poética visual.

Nas Experiências de São Miguel das Missões, o artista encontra esse lugar povoado por acontecimentos de relevância religiosa, política e geográfica para a história da América. Aldeamentos indígenas gerenciados por padres jesuítas no Novo Mundo, as missões representavam parte do sonho jesuíta de civilização e evangelização desses povos.

Nesta viagem, vários tempos e espaços se encontram e se multiplicam na superfície da tela e dos lenços, nas fotografias em 3D e nas imagens do vídeo Sudário. Da história pessoal à cultural, passando pela revisitação de modos de vida soterrados e esquecidos, e chegando à própria potência da arte em abrir perspectivas de compreensão que não se encaixam no saber científico e objetivo. Criou-se ali, no estremos sul da América, uma possibilidade singular e utópica de vida em comum.

Sobre o artista: Nascido na cidade de Santa Maria (RS), em 1941, Carlos Vergara iniciou sua trajetória nos anos 60, quando a resistência à ditadura militar foi incorporada ao trabalho de jovens artistas. Em 1965, participou da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um marco na história da arte brasileira, ao evidenciar essa postura crítica dos novos artistas diante da realidade social e política da época. A partir dessa exposição se formou a Nova Figuração Brasileira, movimento que Vergara integrou junto com outros artistas, como Antônio Dias, Rubens Gerchmann e Roberto Magalhães, que produziram obras de forte conteúdo político. Nos anos 70, seu trabalho passou por grandes transformações e começou a conquistar espaço próprio na história da arte brasileira, principalmente com fotografias e instalações. Desde os anos 80, pinturas e monotipias tem sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela inovação, mas sem perder a identidade e a certeza de que o campo da pintura pode ser expandido. Em sua trajetória, Vergara realizou mais de 180 exposições individuais e coletivas de seu trabalho.

+ https://www.sesc-sc.com.br/site/agenda/artesesc-exposicao-carlos-vergara-viajante

LAGES

Pelo Circuito Propagações, a exposição “Ensaio sobre as nuvens” de Janaina Schvambach, abre no dia 6 de junho, às 20h, na Galeria de Arte do Sesc no Centro Cultural Vidal Ramos Sesc Lages (Rua Vidal Ramos Junior, 152 – Centro). A visitação é gratuita e acontece de 07 junho a 26 de julho, de segunda a sábado das 9h às 21h e domingos e feriados das 14h às 18h.

Esta mostra é uma parceria entre o Sesc e a Fundação Cultural Badesc. As duas instituições desde 2017, se reúnem para selecionar exposições que circularão por três galerias do Sesc a partir da seleção do Edital anual que a Fundação mantém para ocupação de suas galerias de Florianópolis.

O público poderá conhecer e apreciar uma das mais significativas representações artísticas de Chapecó. Centro industrial, financeiro, educacional e artístico, o Oeste do Estado vem demonstrando uma vitalidade a partir da marcante produção gestada naquele território que, múltipla, expande o circuito de artes visuais com novas noções operatórias de construção identitária.

A fotografia, a memória, a paisagem e o arquivo são pontos chave para tocar o singular pensamento da artista. Seu discurso se dá pelo registro de nuvens – acúmulo de gotículas de água no céu - e pode causar estranhamento num primeiro momento por se debruçar sobre uma realidade intangível, um tema prosaico. O incorpóreo ou o impalpável, porém, neste caso, resultam em metáforas para pensar além das nuvens.

A abordagem dessa arte é sobre as inconstâncias, os sonhos, os sintomas, o desejo, o ideário pictórico que cada uma das imagens carrega em suas soluções formais. Sem uma ancoragem geográfica precisa, afinal as nuvens como poetizou o célebre Mario Quintana (1906-1994), por culpa do vento improvisam o tempo todo, as imagens e seus referentes tratam do impalpável e da mutabilidade.

“Somos como a nuvem, às vezes densos, às vezes fluídos, nos transformamos ao longo da vida, em alguns casos as mudanças vêm através de tempestades, noutras, pela leveza do vento”, diz a artista. A pesquisadora Juliana Crispe chama a atenção: “Ver, como no ato fotográfico, remete-nos não apenas a uma relação exclusiva com a presença, abarca também uma relação intensiva com a ausência. Construção que molda e desmolda, bordas imprecisas, borramentos, miragens, inquietação do olhar que caça, investiga e, como no arquivo, abandona”.

Na metabolização do real, com paisagens híbridas, jogos de exibe/esconde, monta/desmonta, noções de simulação, Janaina cruza arte com poesia, linguagem do campo literário que se faz da composição em versos. Mesmo que suas imagens não estejam ancoradas em palavras, Janaina potencializa os artifícios na sensível escolha dos títulos: Arquivo dos possíveis, Era uma casa muito engraçada, Navegar é preciso ou caminho para encontrar o amor, Céu-doce.

Totalidade em si, os trabalhos da exposição Ensaio sobre as nuvens mostram que o espectador faz parte dessa paisagem na medida em que também é mutabilidade, doçura, ruína, prazer e tensão. Na suspensão das evidências, aquele que olha, mesmo que não queira, toma para si o artifício, escava aquilo que lhe serve no fragmento-paisagem. Sairá da exposição com outra aparelhagem perceptiva, certo de que Chapecó, aqui por meio de Janaina Schvambach, ocupa um lugar de singularidade no cenário das artes visuais do Estado.

Sinopse da exposição: Poética que transita entre paisagens e passagens nos atravessamentos cotidianos. Cenas de contemplação, criações imaginárias, efemeridades, atos fugidios. Pela imagem fotográfica captura um tempo sem lugar que, às vezes, pulsa entre neblina, céu e nuvem; sombras que se desfazem entre formas, cores e ventos. Esperar é a palavra de ordem, pelo encantamento a ação aprisiona o que quer se desfazer. Entre esquecimentos, vazios e espaços em suspensão, o que passa são imaginários ficcionais, subjetividades, desejos em latência que pulsam por meio de uma atmosfera silenciosa, inventando sua própria existência. (Por Janaina Schvambach)

Sobre a artista: Janaina Schvambach, artista visual, é professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (Ifsul) em Lajeado (RS) e doutoranda em artes visuais na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Tem licenciatura plena em artes na habilitação em desenho, computação gráfica na Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), mestrado em memória social e patrimônio cultural (Ufpel). Curadora de exposições. Coordenou a Galeria Municipal de Artes Dalme Marie Grando Rauen (2011-13) e a Galeria Municipal de Arte do Centro de Cultura e Eventos Plinio Arlindo De Nes (2012-13). Organizou as exposições e catálogos 2011, 2012 e 2013 via Prefeitura de Chapecó; foi membro da comissão organizadora do 9º Salão Chapecoense de Artes Plásticas de Santa Catarina (SCAPSC) e membro do Conselho Municipal de Cultura (2011 a 2013). Em 2017, fez a residência artística ENA – Eustáquio Neves, Diamantina/MG. No mesmo ano, conquistou o Prêmio Edital das Linguagens com o projeto Circuito Fotográfico de Chapecó que resulta em livro. No centenário de Chapecó, em 2015, com o mesmo prêmio, concretizou a publicação 100 Breves Imaginários, realizada em parceria com André Timm. Entre as mostras já realizadas, destaca 13ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba - Polo SC, e as coletivas Desterro – Desaterro – arte contemporânea em Santa Catarina e 16º Projeto Armazém - O Mundo como Armazém, ambas ocorridas em 2018 dentro das comemorações dos 70 anos do Museu de Arte de Santa Catarina.

+ https://www.sesc-sc.com.br/site/agenda/circuito-propagacoes-ensaio-sobra-as-nuvens-de-janaina-schvambach




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