Leitora assídua, a aluna do Ensino Fundamental da Escola Sesc Palhoça, Lavínia Zimmermann Batista participou da criação do livro “A tartaruga Bilica e o coelho Felpudo”. A publicação conta com ilustrações da estudante e texto de sua tia, a professora da Educação Infantil da rede pública municipal, Alessandra Zimmermann Moreira, com participação de colaboradores. A capa é de Ramon Murillo da Silva, a partir de um desenho de Lavínia, que afirma já estar buscando aprimorar seus conhecimentos gráfico-digitais para, no próximo livro, poder assinar também a arte da capa.

O projeto iniciou a partir de uma atividade pedagógica desenvolvida por sua tia Alessandra. A professora conta que costumava compartilhar com a sobrinha as atividades que propunha aos seus alunos, pois a menina sempre foi muito interessada pelos assuntos de sala de aula. O desafio dessa vez era trabalhar o tema fundo do mar com o evento cultural da Páscoa.

Alessandra e Lavínia foram descobrindo elos de ligação a partir de dois personagens. A tartaruga, ser do fundo do mar, e bastante característico da região litoral do nosso estado, encontra-se com o coelho, símbolo da tradicional festividade cristã que celebra o episódio bíblico da morte e ressurreição de Jesus Cristo. O vínculo entre a tartaruga e o coelho? Os ovos!

Antônio Cândido, um dos principais críticos da literatura brasileira, sociólogo e professor, pensava a literatura como um equipamento afetivo de humanização, aquisição de conhecimento, exercício da reflexão, cultivo do humor, manifestação de emoções, percepção da complexidade do mundo, de si mesmo e do outro. Ainda segundo o pesquisador, “não há povo que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação”.

E foi exatamente o que fizerem Lavínia e Alessandra. Fabulando, percorreram conhecimentos, emoções e valores. Alessandra, como professora, falou para seus alunos sobre simbolismos que percorrem a cultura da Páscoa, ressaltando o antigo costume dos povos mediterrâneos de presentear ovos como a representatividade do nascimento e da vida. Também discorreu sobre a desova das tartarugas nas praias da região, fenômeno natural inerente a identidade local. E como a sala de aula é espaço multiplicador, logo o processo ensino aprendizagem revelou outros desdobramentos, como os valores transmitidos na festividade cultural cristã, como fraternidade e senso de coletividade.

Simultânea à experiência da sala de aula, Alessandra criava com Lavínia o livro que marcou definitivamente os personagens na posteridade: “A tartaruga Bilica e o coelho Felpudo”. Lavínia relata que nunca havia pensado que pudesse fazer parte de um livro. E apesar da pouca idade, revela muita consciência quando o assunto é leitura. “A leitura faz parte da nossa vida, se a gente não tivesse a leitura, a gente não iria saber quase nada”, declara.

Aluna da Escola Sesc desde os quatro anos, Lavínia demonstra sentir falta da Biblioteca e lembra que sempre pegava livros quando frequentava presencialmente a unidade e a comunidade escolar, antes da pandemia de Covid-19. E se os sonhos de Lavínia permanecerem os mesmos à medida que for crescendo, certamente teremos mais uma excelente professora em nossa rede de ensino.

Diz que aprendeu a fazer a letra cursiva com a professora Rafa, o professor Gabriel ensinou a matemática e a professora Fernanda está ensinando sobre o relógio. “Eu quero ensinar muito para os meus alunos quando eu ficar maior, quero ensinar conhecimento para eles”, promete nossa aluna, ilustradora e aspirante a pedagoga.

Texto de: Luciana Tiscoski, técnica de cultura do Sesc Palhoça.