As turmas do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Sesc Jaraguá do Sul visitaram a aldeia Piraí, no município de Araquari, no dia 08 de maio. O passeio fez parte do estudo sobre diversidade cultural e também sobre o gênero textual entrevista, trabalhados na disciplina de língua portuguesa, com a professora Isabeli Mazzon Milani.
Durante a atividade, os estudantes conheceram a escola indígena e tiveram a oportunidade de interagir com os professores e com alguns alunos. A coordenadora explicou alguns aspectos importantes da escola, que segue o mesmo currículo que instituições não indígenas, mas agrega elementos da cultura local ao conteúdo. No local, os alunos têm aulas de português e guarani, sendo alfabetizados em ambos idiomas e aprendem a caçar nas aulas de educação física.
Também visitaram a “casa de reza”, uma estrutura semelhante a um pequeno galpão, feito com madeira e barro. O lugar é fechado, sem janelas, a única abertura é a pequena porta frontal, por onde entraram. Nesse ambiente mais rústico, sentados em pequenos bancos de madeira, os alunos puderam ouvir o cacique Ronaldo, que compartilhou um pouco sobre sua cultura e a história da aldeia e abriu espaço para que os alunos fizessem perguntas.
A fala feita pelo líder indígena impressionou os alunos e propiciou reflexões. De tudo o que viram, a aluna Maria Eduarda Montecino Barato aponta o fato de que a aldeia, fisicamente falando, é muito diferente do espaço urbano, por ter casas feitas de madeira e barro, com chão batido e o terreno acidentado, e isso chamou muito a atenção, justamente por se contrapor com a realidade vivida diariamente. Já a aluna Daniella Goetten destaca a falta de acesso facilitado à saúde pública, pois algumas crianças da escola estavam doentes, mas antes de irem até a cidade para procurar um hospital, os enfermos são tratados pelo pajé, na tribo, com remédios naturais e rezas.
Confira alguns depoimentos dos alunos com algumas curiosidades e reflexões:
Clara de Jesus Pereira: “Uma curiosidade apresentada pelo cacique é de que seu calendário se divide em ‘novo’ e ‘velho’, diferente da maneira como contamos os dias. Eles valorizam o saber de momentos próprios para caça e colheita, respeitando também a necessidade de uma pausa, para que a fauna e a flora se recomponham”.
Guilherme Otávio Pereira: “Apesar de aprenderem a plantar e caçar, eles quase não têm espaço para fazer isso, pois seu território diminuiu muito”.
Henri Gustavo Fritz: “A visão do indígena sobre a sociedade não indígena é bastante diferente do esperado, pois sua interpretação sobre o Dia do Índio é totalmente diferente do que aprendemos na escola, já que é um momento de luto, no qual eles rezam e choram pelos indígenas mortos ao longo dos anos e usam esse momento para reflexão”.
Sarah Peixer Rocha dos Santos: “O ‘código de regras’ da tribo, quando necessário, visa punir um indivíduo para que ele reflita sobre o que fez de errado, para que não volte a errar. A reflexão é o ponto principal da punição, não é só punição sem sentido”.
Júlia Paz e Silva: “O respeito mútuo entre todos é ensinado desde que eles são pequenos, o respeito pelo próximo é muito marcante em sua cultura”.
Júlia Faier Frühauf: “O cacique falou que, às vezes, eles fazem apenas uma refeição diária, eles não têm fartura de alimentos”.
Kailani Maffei: “A ajuda governamental que eles recebem não é suficiente para suprir todas as necessidades da tribo”.
“Analisando os depoimentos, as reações e os momentos vivenciados na viagem de estudos, fica clara a importância da visita para melhor compreensão e ampliação dos conhecimentos prévios dos alunos”, reforça a professora Isabeli Mazzon Milani.
Fica como lição o ensinamento compartilhado pelo cacique: "A Terra é para todo mundo, todos os seres vivos podem viver no seu espaço, em paz, tem lugar para todo mundo".
Colaboração: Professora Isabeli Mazzon Milani e Mariane Roblowski – Escola Sesc Jaraguá do Sul
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