Com uma forte atuação na área de educação ambiental, o Hotel Sesc Cacupé apresenta o resultado de um projeto de valorização da cultura local, que resgatou a tradição açoriana de esculpir canoa de Garapuvu. A partir de um pedaço da árvore símbolo de Florianópolis que foi derrubada pelo ciclone Bomba no final de junho do ano passado, o músico, pescador e canoeiro Nilo Sergio Conceição, o seu Nilêra construiu a canoa de um pau só, a convite da equipe do Sesc.
A atividade virou atração para os visitantes e hóspedes, em sua maioria de outras regiões do Brasil, ávidos por conhecer as histórias, através dessa vivência prática. O público também pode acompanhar o processo de construção da embarcação pelo Blog Sesc-SC e redes sociais.
Após um ano, a embarcação está pronta! Nesta segunda-feira, 18 de outubro, a canoa de Garapuvu foi batizada nas águas da praia de Cacupé, em frente ao Hotel, e seguiu o seu destino: o mar e a pesca.
O colaborador Renato Barreto Barbosa Trivella, da área de Educação Ambiental do Hotel Sesc Cacupé, conta como foi esse momento:
Entre Covids e Canoa...
Nesse curioso ano entre 2020 e 2021, onde a morte e a vida se entrelaçaram de uma maneira intensa, o trecho do poema Garapuvu, de Amaro Costa “morres na terra, nasces pro mar”, resume bem o dia de hoje, 18 de outubro de 2021, dia do batismo da FortaLeza.
FortaLeza nasce de uma árvore que caiu em 2020, foi esculpida pelas mãos do seu Nilêra e hoje nasce como canoa, sobre rezas e benzeduras, lavada pela chuva e banhada pelo mar, segue seu trajeto soprada pelos ventos em suas velas, até o rancho de pesca em Santo Antônio de Lisboa.
Segundo seu Nilêra conta, as canoas antigas geralmente recebiam o nome de mulheres importantes na comunidade: uma professora, uma benzedeira, uma parteira, alguma liderança. Essa canoa recebe o nome de FortaLeza, uma homenagem à sua mãe, conhecida como dona Lêza, uma mulher com muita força, que veio a falecer ao longo do processo de construção da canoa.
O fechamento desse trabalho, simbolizado pelo batizado da canoa nos traz, não apenas o resultado material da canoa propriamente dita, mas sim o contato com todo o patrimônio imaterial envolvido no saber e paixão desse artista que reflete a história de uma comunidade, de um povo, de uma cidade.
A FortaLeza é a expressão da resistência de uma cultura que está se perdendo, se transformando. Que possamos contribuir para perpetuar e difundir a existência dessa cultura e que a FortaLeza tenha uma vida longa e traga muita fartura de pesca para o s. Nilêra!!
*Garapuvu. Poema de Amaro Costa do livro Nilêra – Caravana do Passado/Nilinho Adriano – Florianópolis, 2019. 47 p. : Il.
Árvore Garapuvu
O Garapuvu é protegido por lei e não pode ser derrubado sem autorização dos órgãos ambientais. O tronco que caiu no Hotel Sesc Cacupé devido à força dos ventos do ciclone foi preservado e a equipe de educação ambiental do Sesc contatou integrantes da comunidade local, que vistoriaram o material e se interessaram na confecção da canoa.
Confira alguns registros do processo de construção da canoa:
Colaboração: Renato Barreto Barbosa Trivella, Educação Ambiental do Hotel Sesc Cacupé (Florianópolis).
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