EJA - incluindo


03/04/2017 - Atualizado em 03/04/2017 - 604 visualizações

No dia 21 de março, foi comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down e o Sesc em Caçador nos brindou com o relato de Odete Aparecida Pereira da Rosa, mãe de Leonardo Pereira da Rosa Velho, o Léo, aluno da Educação de Jovens e Adultos da Unidade, um garoto amável por todos. 

Caçador, 02 de abril de 2017.

Há exatamente 10 anos atrás eu estava escrevendo sobre o Leonardo a pedido da APAE, que iria lançar um livro com depoimentos de pais sobre as pessoas com deficiência. E esta semana recebi novamente esse desafio, contar um pouco da vida dele, a pedido da Escola Sesc Ler em Caçador, onde estuda atualmente na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Então lembrei do livro lançado em 2007 – Trajetórias de Vida e resgato aqui os primeiros anos do Leonardo, transcrevendo o meu depoimento: 

Odete Aparecida Pereira da Rosa, mãe de Leonardo Pereira da Rosa Velho, o Léo, aluno da Educação de Jovens e Adultos

Continuando  a história, constato que nesses 10 anos muitas coisas aconteceram. O Léo já é um adolescente com quase 20 anos e novas dúvidas surgem constantemente.

Ele permaneceu na mesma escola por 14 anos, ou seja, dos 03 aos 17 anos. Muitas aprendizagens, muitas vivencias, muitas experiências com os colegas, muito amor recebido, porém ele não conseguiu se alfabetizar totalmente. Dessa forma surgiu a dúvida, o que fazer? Deixar ele ir o para o 6º ano sem ler e escrever para acompanhar os colegas ou mudar para uma escola de Educação de Jovens e Adultos, onde faria novas amizades com pessoas da mesma idade ou mais velhas que ele?

Foi uma decisão difícil, mas como trabalho com Educação de Jovens e Adultos, analisei as vantagens e desvantagens e depois de muitas trocas de ideias com colegas pedagogas, psicólogas, fonoaudiólogas, família e o próprio Leonardo, decidimos que ele mudaria para o SESI EJA, para experimentar um novo caminho.

Como as aulas aconteciam duas manhãs na semana o Léo continuou com atividades extras como natação e fonoaudióloga. Mas mesmo assim ficava com as tardes ociosas. Pensei em matricula-lo em um curso profissionalizante, mas infelizmente em qualquer entidade a exigência escolar mínima era Ensino Fundamental, então não consegui nada nesse sentido.

Dessa forma voltei a pensar numa instituição que pudesse oferecer uma preparação para o mercado de trabalho trabalhando de maneira diferenciada e novamente procurei pela APAE. Lá me apresentaram um projeto voltado justamente para essa área. Ele foi matriculado e continua no projeto até hoje, além disso frequenta na APAE de aulas de música, teatro, dança destacando-se nas apresentações artísticas. Participou do festival de arte estadual no ano passado, ficando uma semana em Florianópolis somente com os professores. Foi sua primeira experiência de viagem sem a família. Adorou... Se ele vai trabalhar ainda não sabemos, é uma possibilidade. Mas vamos viver uma experiência de cada vez. Tudo no seu tempo!

Mas como o Léo veio parar no Sesc? Então no ano passado ainda, a turma que ele participava na Educação de Jovens e Adultos foi desativada e surgiu novamente o mesmo dilema. Qual escola teria o perfil do Léo? Como ele já estava mais maduro, com maior autonomia e dizendo que não era mais criança e sabendo que o Sesc oferecia a Educação de Jovens e Adultos, fui conhecer mais de perto o trabalho realizado. E a proposta apresentada continha os requisitos procurados por mim. Assim decidimos (eu e ele) que iria estudar no Sesc.

O Léo foi muito bem acolhido por todos: colegas, professores e demais colaboradores. Posso dizer que sentiu - se em casa. Participa de todas as atividades desenvolvidas pela turma, que são particularmente muito interessantes. Junto com as aulas veio o esporte e novamente está praticando judô. O grupo de judô já fez várias atividades, incluindo acampamento e ele está adorando...E conforme ele mesmo diz. “O Sesc faz parte da minha história”.

Hoje está com uma agenda cheia. Todas as manhãs vai para a APAE. Todas as tardes aulas no Sesc. Segunda e quarta no final da tarde judô , terça fonoaudióloga e na sexta aula de natação.

E o mais importante de tudo está muito feliz!




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