Memórias que ficam: Por uma infância repleta de momentos felizes


26/04/2019 - Atualizado em 08/05/2019 - 17126 visualizações

Você já parou para pensar quais lembranças o seu filho terá da infância? E quanto tempo você tem dedicado para construir memórias afetivas junto a sua família? Sabemos que está cada vez mais difícil encontrar um espaço na agenda para dar a devida atenção às crianças. A rotina diária é intensa, as exigências profissionais estão cada vez maiores, chegando em casa ainda temos os afazeres domésticos e, muitas vezes, somos sugados pelos eletrônicos.

Como o tempo já é escasso, precisamos começar a aproveitá-lo melhor, para conseguirmos realmente nos conectar emocionalmente com os nossos filhos. E não estamos falando das obrigações diárias com a dinâmica da casa, higiene e deveres. Mas sim do tempo lúdico. São nestes momentos que consolidamos os laços e fortalecemos as relações de uma forma saudável.

“É muito importante reservar um período do dia para sentar com as crianças, aceitar as suas demandas, perceber o que elas têm a nos ensinar, o que estão transmitindo, conversar e entender o mundo interno delas. Ao dedicar um tempo de qualidade, vamos realmente conseguir nos conectar de corpo e alma, dando suporte para a vida inteira. Os resultados são gratificantes”, destaca a psicóloga Fabíola Stenhaus Pires, que atende no Sesc Estreito, em Florianópolis.

Já alertamos para o aumento de problemas de saúde mental entre as crianças, no texto “Infância Saudável: Precisamos olhar para nossos filhos”, primeira matéria da série “Educação Afetiva”, que traz conteúdos esclarecedores aos pais. Mostramos que é preciso parar, refletir, conversar e identificar o que está acontecendo dentro das nossas casas e indicamos alguns caminhos para promovermos uma infância feliz e saudável.

Pais presentes e disponíveis

Nesta matéria, retomamos o assunto para falar sobre a importância da nossa presença, de estarmos emocionalmente disponíveis para os nossos filhos, e assim evitar que eles desenvolvam esses problemas de comportamento. Está mais do que na hora de se concentrar neles, definir as prioridades, sair da frente das telas e tentar esquecer do mundo lá fora nem que seja por alguns instantes.

“Precisamos brincar mais, nos aproximar e interagir. São esses os momentos que ficam registrados no coração por toda vida”, reforça a psicóloga. Ela destaca várias atividades que envolvem um investimento de tempo pequeno, e que podem fazer com que os dias das crianças sejam inesquecíveis e repletos de aprendizados. Jogos em conjunto, caminhada até mesmo uma trilha, praticar esportes juntos, passear de bicicleta, fazer viagens curtas, acampar na sala ou no pátio, preparar pratos especiais, assistir a um filme, se aventurar na construção de brinquedos e depois na experimentação deles. Tudo vai depender da qualidade da conexão formada. E a diversão é garantida!

Fabíola sugere voltarmos o nosso olhar para o passado para resgatar brincadeiras que gostávamos. “Se o pai soltava pipa quando era pequeno, ensine o seu filho a fazê-lo. Ao vivenciar essas lembranças felizes da infância, ao lado dos nossos filhos, reencontramos o prazer de brincar de forma simples e espontânea, promovendo momentos riquíssimos de pura interação. Isso é de um valor enorme”, considera.

A psicóloga também indica incluir atividades artísticas na rotina, como artesanato, desenho, pintura, canto, teatro. “A arte é o melhor caminho para as crianças aprenderem a lidar com as emoções e é essencial para trabalhar a imaginação. Então vamos dançar com as crianças, dramatizar, desenhar, pintar, construir juntos. Trazer mais música para dentro das nossas casas e oportunizar momentos para que elas consigam se expressar livremente”, orienta.

Para inspirar ainda mais as famílias

Além das dicas da Fabíola, buscamos alguns exemplos práticos para ajudar as famílias nessa missão. Conversamos com alguns pais de alunos das Escolas Sesc SC, que nos contaram como encaram esse desafio e trazem ideias de atividades que conectam adultos e crianças. Vale a pena conferir e incluir na rotina momentos que ficarão na memória!

Cada momento pode ser especial

Edna Rodrigues e Patrick da Silva Cardoso, pais da Taís e do Alan, alunos do 6º e 3º ano do Ensino Fundamental da Escola Sesc Criciúma, aproveitam os deslocamentos de automóvel para colocar os assuntos em dia. “Quando estamos no carro conversamos sobre tudo, sobre os estudos, o que aconteceu no dia, as partes boas e ruins. Também inventamos brincadeiras de perguntas e respostas, de cantar uma música com determinada palavra, quem acerta pontua. Essas atividades acabam deixando eles mais à vontade para expressar seus sentimentos, manifestar suas personalidades, aprender a ganhar, perder e lidar com suas emoções”, observa a mãe. .

Criando seu próprio jogo

Com muita criatividade, juntos os quatro desenvolveram o “Jogo da Família”, feito com dado e cartinhas da sorte, do azar, de desafios e de perguntas relacionadas a coisas que gostam ou não. “A premiação não envolve dinheiro, mas sim outras atividades prazerosas, como ir em a uma praça da cidade para brincar, fazer uma comida diferente, um cineminha com os colchões na sala, ou ainda poder escolher alguns amigos para vir em casa brincar no final de semana”, conta a mãe. (As fotos mostram o "Jogo da Família")

Divisão das tarefas da casa

Edna também reforça a importância de dividir as tarefas do lar. “Eles têm essa noção de que a casa é de todos, e todos precisam ajudar. A gente faz tudo junto, cada um com suas tarefas. O tempo que sobra, porque trabalhamos em equipe, aproveitamos para outras atividades juntos”, relata. “Neste momento, também estamos unidos nos cuidados com a minha sogra que teve um AVC. Cada um de nós reserva um tempinho para dar uma atenção especial a ela”, ressalta.

Aproxime a arte da vida

Soélia Ferreira Nunes, mãe da Luiza, aluna do 2º ano da Escola Sesc Itajaí enaltece a presença da arte na vida da família: “A Luíza já fez coral, ballet e agora faz aulas de violão. Sempre que podemos reunimos os primos, que têm idades próximas a dela, e também tocam instrumentos musicais, e curtimos bons momentos em que todos cantam e se divertem”.

Como a Luíza é filha única, a mãe estimula a aproximação com os outros parentes. “Tudo é motivo para uma festa! Celebramos a Páscoa, Natal, Ano Novo, Dias das Mães e outras datas, reunindo toda a família. São oportunidades maravilhosas para brincarmos e estarmos juntos”, reconhece. (Na foto, a Luiza a e pai Marcelo ensaiam ballet)

Passeios diferentes

A família também adora passear ao ar livre e adquiriu um Buggy para desbravar as praias das regiões. “São momentos bem alegres, de sentir o vento nos cabelos e nos conectarmos com a natureza e um com o outro. Às vezes levamos algum amigo junto, mas no geral somos nós três”, comenta.

As viagens são muito apreciadas pela família, que destaca um roteiro inesquecível. “Fomos de carro até Gramado (RS) e foi muito divertido! O sonho da Luíza era ver a neve, mesmo que artificial. Foi um momento de muitas descobertas, que agregou cultura e conhecimento para nós três e, com certeza, ficará em nossas memórias”. Além disso, sempre que possível eles saem para almoçar e jantar fora. “Temos que aproveitar muito bem esse tempo que temos com ela, pois passa muito rápido” constata. (A foto registra a viagem a Gramado)

Lições carregadas de afeto

Encerramos esse texto com uma citação do pediatra espanhol, Carlos Gonzalez no livro “Besame Mucho – Como criar seus filhos com amor", sobre resgatarmos nosso instinto de cuidado para o desenvolvimento saudável de nossos filhos:

"Os dias mais felizes da nossa infância são aqueles nos quais nossos pais (ou nossos avós, irmãos ou amigos) nos fizeram felizes. Mesmo quando parece que o que nos fez feliz foi o trem elétrico. Se olharmos melhor, sempre têm pessoas por trás. Os pais que nos deram o presente, o sorriso ou elogio, o irmão com quem dividimos, nem sempre com boa vontade. Os dias mais felizes do seu filho estão por vir, depende de você”.

O próximo tema da série "Educação Afetiva" será “Limites”. Acompanhe!



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