Assuntos como Mudanças Climáticas, Segurança Alimentar, Diversidade e Inclusão, além de temas com foco para o setor empresarial, como ESG (Boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa), estiveram em destaque na programação do Fórum Brasil ODS 2021, realizado de 5 a 7 de novembro no Hotel Sesc Cacupé e no formato remoto, ao todo, 450 pessoas participaram do encontro.
O evento contou com a participação de agências da ONU como a FAO, a Rede Brasil do Pacto Global e do PNUD.
Além disso, dois palestrantes falaram diretamente de Glasgow, onde está ocorrendo a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 26; o cientista Paulo Artaxo, que destacou em sua palestra o potencial que o desmatamento da Amazônia tem para agravar o aquecimento global, e a indígena e ativista ambiental Samela Awiá, que defendeu em sua fala sobre a importância da demarcação das terras indígenas para a proteção da biodiversidade.
Segundo Artaxo, o desmatamento da Amazônia afeta no aquecimento do clima, o que acaba impactando na produção de alimentos, na economia, e na desigualdade social. Além disso, Artaxo alertou que a população mais pobre será a mais impactada pelas mudanças climáticas em curso: "10% dos indivíduos mais ricos emitem 49% dos gases de efeito estufa. Já os 50% mais pobres emitem 10%. E são esses 50% mais pobres que irão sofrer os impactos".
Já a oceanógrafa Regina Rodrigues Rodrigues, pesquisadora na University of Oxford, destacou em sua apresentação que segundo o relatório IPCC AR6 (Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) que os impactos da mudança climática no Brasil mostram que a temperatura média no país aumentou 1,3° C, enquanto o impacto global aponta 1,1° C.
"Tudo isso desencadeou efeitos negativos na segurança hídrica e energética, pela escassez da água, como também na produção de alimentos, que aliada as temperaturas extremas influenciou no aumento de pestes e doenças”.
A nutricionista do Sesc Letícia Zago apresentou o case do Mesa Brasil Sesc, programa que atua no combate à fome e ao desperdício de alimentos através da redistribuição. Conecta parceiros, recolhe onde sobre e leva onde falta.
O Mesa Brasil Sesc é uma rede nacional de bancos de alimentos e colheita urbana, que tem como missão "contribuir para a segurança alimentar e nutricional de pessoas em vulnerabilidade social, mediante a distribuição de alimentos doados por parceiros, o desenvolvimento de ações educativas e a promoção da solidariedade social em todo o país”.
Desde 2003, o programa arrecada alimentos excedentes ou fora dos padrões de comercialização, mas ainda próprios para consumo em parceiros doadores, e entrega em instituições sociais sem fins lucrativos, combatendo o desperdício de alimentos e contribuindo para a cidadania, sustentabilidade e realização do Direito Humano à Alimentação Adequada.
O Mesa Brasil Sesc integra a Rede Brasileira de Bancos de Alimentos, é certificado pela Global Foodbanking Network e desenvolve ações alinhadas aos ODS: 2 (Fome zero e agricultura sustentável), 12 (Consumo e produção responsáveis) e 17 (Parcerias e meios de implementação).
Alcance das metas dos ODS no Brasil
Durante o Fórum, também foi apresentado como está o progresso para o alcance das metas dos 17 OSD, e suas 169 metas, apresentado pela Dra. Juliana Cesar, integrante do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável.
Segundo dados do Relatório Luz 2021, o Brasil não apresentou progresso satisfatório em nenhuma das 169 metas dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030, estabelecida ONU em 2015. "Das 169 metas, 54,4% estão em retrocesso, 16% estagnadas, 12,4% ameaçadas e 7,7% mostram progresso insuficiente", comenta Juliana.
Os indicadores do Relatório Luz mostram que, mesmo num contexto tão grave de pandemia, áreas como Saúde apresentaram retrocesso: R$ 22,8 bilhões da dotação orçamentária autorizada em 2020 para o SUS ficaram sem uso, recurso que poderia ter aumentado o número de vacinas, kits de intubação, máscaras PFF2, leitos e outros insumos. Além disso, 2020 terminou com mais de metade da população do País (113 milhões de pessoas) em situação de insegurança alimentar mostrando que a pandemia agravou ainda mais a desigualdade social no Brasil. O relatório mostra também que houve cortes na educação (27%) e falta de execução orçamentária, como no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que deixou de aplicar 38,7% dos quase R$ 400 milhões autorizados para 2021.
ESG e diversidade nas empresas
Não deixar ninguém para trás é o lema da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Para isso, o Fórum contou com apresentações destacando a importância do ESG (Boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa), e sobre a importância da diversidade nas empresas. Para Ricardo Voltolini, diretor-Presidente da consultoria think tank Ideia Sustentável, nunca se falou tanto em sustentabilidade, nem com tanta urgência.
"Nunca houve tantos fatores de pressão positivos. A pandemia da Covid-19 acelerou a urgência por um novo jeito de pensar e fazer negócios. Assim o termo ESG ganhou tração - Ambiental, social e de governança", avalia Voltolini.
Ele apontou sete desafios do ESG:
Estratégia de talentos orientada por questões de diversidade e inclusão; Novo "cuidar"com ênfase a saúde integral (física e mental) dos colaboradores; Respeito aos direitos humanos em toda a cadeia de valor; Impacto social mais estratégico; Mudanças climáticas e descarbonização; Inserir na estratégia e envolver colaboradores e Nova liderança.
Hóttmar Loch, idealizador da Nohs Somos, startup que têm como propósito promover o bem estar da comunidade LGBTQIA+ e auxiliar as organizações a serem mais inclusivas, por meio de consultoria de inclusão e funciona como canal para trazer diversidade nas empresas, explicou como a diversidade nas empresas pode impulsionar a inovação: "Quando a gente não vive as problemáticas a gente não vê as oportunidades".
Já para Amanda Brito Orleans - CEO do Instituto AB, é preciso promover a cultura da inclusão aos pelo menos 45 milhões de pessoas que têm algum tipo de deficiência no Brasil. "Nas organizações precisamos que a diversidade vá além do cumprimento de uma questão legal, que se tenha um olhar para a inclusão como um fator estratégico para inovação".
Segundo Juliana de Oliveira Campanha, Jornalista, mulher preta, e fundadora da Oliver Press, uma empresa de assessoria de imprensa formada por um time 100% feminino e com foco na diversidade e impacto social, somente pessoas diversas podem fazer a sua marca chegar a diversos públicos. "Olhares diversos ajudam a construir a reputação das empresas".
Fórum Brasil ODS
Realizado a cada dois anos, o Fórum Brasil ODS 2021 é uma iniciativa do Movimento Nacional ODS Santa Catarina, e contou com a produção da SB + Eventos. Esta edição teve o patrocínio da Fisher, da AMBEV, BRDE, Engie, Portonave e Casan. Contou com a parceria institucional da Armazém Água Mineral, da Calion Group Service, da Fadel Palestrantes, da Hubri e do Sesc Fecomércio Senac. Teve ainda o apoio institucional da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e da Rede Brasil do Pacto Global.
Atuação do Sesc Santa Catarina em prol das ODSs
O Sesc é signatário do Movimento Nacional ODS Santa Catarina desde 2006, assumindo compromissos com a incorporação e disseminação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) através das ações desenvolvidas pela Instituição. Na gestão 2018/2019 a Instituição integrou a Coordenação Estadual do Movimento, com o cargo de Coordenação de Mobilização Adjunta. Atualmente, está presente em oito dos 13 Comitês Locais, nas cidades de Florianópolis, Blumenau, Joinville, Itajaí, Chapecó, Brusque, Lages e Tubarão, com equipes do Sesc atuando nas ações e mobilização em cada região.
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