A alimentação fora de casa tem sido mais frequente e tem passado por mudanças importantes ao longo dos anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 34% dos brasileiros se alimentam diariamente fora do lar, investindo em média 25% da sua renda mensal.
Essa procura por refeições prontas para o consumo auxiliou no aumento do número de negócios do setor de alimentos e bebidas e modificou seus serviços, ampliando o número de restaurantes, supermercados, empresas de fast food, food trucks, lanchonetes e cafeterias.
As redes de fast food, por exemplo foram as que mais cresceram no mundo, ofertando uma série de produtos que ativam sobremaneira o sistema hedônico, geram consumo excessivo na ausência de fome e descontrole alimentar. Emoções e sentimentos prazerosos são respostas mentais que servem para reforçar os benefícios ou evitar os efeitos nocivos de estímulos ambientais e comportamentais. Os três componentes da dieta moderna, que respondem a essas características são: açúcar, gordura e sal; e a mistura deles em doses "certas" tem efeito somatório na geração de prazer.
Desta forma, os mecanismos de compensação bioquímica do cérebro são afetados, refletindo na perda da noção do exagero e da saciedade. Isso resulta no consumo desenfreado de alimentos considerados marcadores negativos de qualidade alimentar, com baixa quantidade de fibras e micronutrientes.
Essas especificidades estão justamente associadas ao desenvolvimento de várias doenças, dentre elas, a obesidade e suas comorbidades. Também aumenta o risco de desenvolver deficiências nutricionais, já que grande parte desses alimentos é consumida ao longo do dia e pode restringir a ingestão de comidas saudáveis.
Tendência saudável em escala nacional e global
Em contraponto, há uma tendência saudável em escala nacional e global, assim como tem crescido o número de pessoas preocupadas com a qualidade da alimentação. De um lado, franquias do segmento de alimentação saudável se estabelecem e se expandem a uma velocidade acelerada, do outro, redes de fast food já consolidadas aceleram o passo para se adaptar às novas tendências de consumo.
Segundo pesquisa realizada pela Federação das Indústrias de São Paulo, oito em cada dez brasileiros afirmam que se esforçam para ter uma alimentação saudável e 71% apontam que preferem produtos mais saudáveis. Nos últimos anos, além da saúde, o preço baixo também ganhou importância no processo de compra de alimentos, hoje considerado um dos principais drivers de escolha da categoria.
O Inquérito Nacional de Alimentação (INA, 2008-2009), que analisa as características do consumo alimentar fora do domicílio, mostrou que a maior parte das refeições fora de casa é realizada entre as 12h e 14h, horário tipicamente destinado ao almoço. A substituição desta refeição por preparações industrializadas, especialmente do tipo fast food, compostas por quantidades excessivas de açúcares, sódio, gorduras saturadas e trans e com alta densidade energética indica um consumo alimentar impróprio, podendo levar ao excesso de peso e a obesidade, resultando em doenças crônicas.
Dessa forma, a alimentação fora de casa vem sendo alvo de intervenções que promovam a saúde e a prevenção de doenças. Ao eleger um lugar para almoçar, muito mais do que escolher o cardápio, é necessário avaliar algumas situações e critérios para que esta decisão não seja uma desculpa para descuidar da saúde. Confira algumas dicas abaixo:
1. Tempo para almoçar
É imprescindível que façamos uma refeição bem aproveitada, do contrário, não são enviados sinais ao cérebro com tempo suficiente para registrar que estamos satisfeitos. Isso aumenta em cinco vezes o risco de uma síndrome metabólica, caracterizada por um conjunto de fatores relacionados a doenças cardiovasculares e diabetes, como obesidade, pressão alta e taxas elevadas de colesterol. Almoçar em locais próximos, com facilidade de deslocamento, auxilia no ganho de tempo para o almoço e desta forma, com melhor aproveitamento do tempo para uma mastigação adequada.
2. Tamanho das porções
Para fazer uma refeição saudável e balanceada, é preciso tomar medidas para manter suas porções sob controle. A proposta dos restaurantes de buffet por kg é uma alternativa para não exagerar no tamanho das porções. Geralmente os serviços “a la carte” ou buffet livre oferecem quantidades acima das necessidades do indivíduo e o consumo diário de grandes porções com alta densidade calórica pode levar ao desequilíbrio no balanço energético e favorecer o ganho de peso.
3. Alimentos ultraprocessados
Evitar consumir alimentos ultraprocessados em substituição ao almoço, como por exemplo, biscoitos, sorvetes, balas, cereais açucarados, bolos, misturas para bolo, barras de cereal, macarrão, temperos instantâneos, molhos prontos, salgadinhos, refrescos e refrigerantes, iogurtes adoçados, bebidas energéticas, produtos congelados, como lasanha, pizza, hambúrgueres, nuggets e salsichas é uma maneira eficiente de se alimentar corretamente.
4. Padrão de consumo durante a semana e final de semana
Estudos apontam que o consumo alimentar nos finais de semana apresenta pior qualidade nutricional do que nos dias de semana, por maior ingestão de bebidas açucaradas, bebidas alcoólicas, frituras, lanches rápidos, maiores porções e redução do consumo de marcadores da alimentação saudável, como a combinação de arroz e feijão, cereais integrais, alimentos in natura, hortaliças e frutas. A manutenção dos hábitos alimentares e de atividade física saudáveis também nos dias de final de semana é importante para a redução dos fatores de risco para a obesidade e doenças crônicas não transmissíveis.
5. Felicidade e prazer ao se alimentar
Ao escolher um lugar para almoçar, muito mais do que escolher o cardápio, escolhemos a sensação que queremos ter ao nos alimentarmos. É por isso que compramos emoções. O prazer aumenta, quando à experiência se acrescenta a lembrança obtida pela mesma circunstância no passado.
Assim, escolher um restaurante que oferte alimentos saudáveis e seguros é uma ferramenta valiosa para mudança do comportamento alimentar. E este esforço de promover mudanças em nossas rotinas será a alavanca para que a alimentação seja uma experiência que realmente contribua para a nossa felicidade.
Por Jéssica da Luz Pereira Pucci – Nutricionista
Especialista em Gestão Empresarial
Gerente de Saúde e Assistência do Sesc-SC
Restaurantes Sesc/SC
Muito mais do que servir refeições, os 18 Restaurantes do Sesc em Santa Catarina têm como missão estimular a adoção de práticas alimentares saudáveis, oferecendo diariamente uma alimentação balanceada e ao mesmo tempo saborosa.
O Sesc pauta suas ações pelo conceito de Segurança Alimentar e Nutricional, fornece alimentação com garantia da qualidade microbiológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos, bem como seu aproveitamento, estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis.
O almoço é preparado com ingredientes que fornecem maiores benefícios à saúde, com qualidade e variedade.
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