A restauração da antiga Casa de Câmara e Cadeia, na Praça XV de Novembro, foi entregue pela Prefeitura Municipal de Florianópolis ao Sesc Santa Catarina nesta sexta-feira (14/09), às 11h30, no prédio histórico. No local, o Sesc instala o Museu de Florianópolis, que preservará a memória da Capital catarinense, utilizando diferentes tecnologias, expondo acervos importantes para a cidade e também com espaço para pensar o presente e o futuro do município.
A partir da data de entrega da reforma, o Sesc inicia o processo de implantação do museu, com execução do projeto museológico, aquisição dos equipamentos e contratação de equipes, com investimento de R$ 4 milhões. A previsão de inauguração do espaço é março de 2019. Antes disso, serão realizadas algumas programações pontuais para manter o espaço aberto e aproximá-lo afetivamente da população.
A Instituição venceu a licitação que concede o uso do bem público por 20 anos e fará a gestão do espaço. Atualmente o Sesc faz a gestão do Cine Teatro Mussi, em Laguna, e do Centro Cultural Vidal Ramos Sesc, em Lages, ambos os prédios históricos importantes para a história de seu povo, das cidades e regiões. Além de desenvolver programações artísticas e culturais em todas as regiões do Estado.
“Desde 2015, temos ampliado o olhar para o Patrimônio Histórico e Cultural no Estado, através de parcerias com o setor público. Com o Museu de Florianópolis o Sesc cumprirá com uma de suas prerrogativas que é fomentar a cultura, em uma visão ampliada, e oferecer à população o acesso a informações, acervos e histórias sobre a cidade, desde o início de sua ocupação até o presente e projetando o futuro”, declara o Diretor Regional do Sesc Santa Catarina, Roberto Anastácio Martins.
O Museu de Florianópolis deve se posicionar no cenário museológico do município como um interlocutor para discutir as questões emergentes, trazer diferentes vozes da população, pensar a história e discutir o futuro. Passa a ser também, um importante espaço de salvaguarda das memórias da transformação urbana, da história de seus povos e das diferentes expressões culturais.
“Será um museu sobre e para a cidade. Onde o município, seus povos e culturas, serão apresentados de inúmeras maneiras: por uma perspectiva histórica, refletindo seu passado, por seu presente e pelas possíveis prospecções de futuros para Florianópolis”, declara o Presidente do Sistema Fecomércio/SC e do Conselho Regional do Sesc, Bruno Breithaupt.
No andar térreo do sobrado histórico de 865m² haverá três salas expositivas: uma destinada para a memória e as histórias da Casa de Câmara e Cadeia; outra para exposições temporárias; e uma sala destinada às histórias orais de vários personagens de Florianópolis. Além disso, conta com uma sala para a reserva técnica e um espaço para as ações educativas, oficinas e palestras.
No piso superior, a sala “Grande Projeção”, “Hoje e Amanhã”, “Depoimentos” e “Primeiros Ocupantes” abrigarão exposições de longa duração. Haverá ainda um corredor com a linha do tempo. Além disso, também haverá um anexo na parte posterior do prédio, onde ficará alocada a cafeteria, sanitários e as salas da administração.
O projeto expográfico realizado pela empresa Expomus (responsável também pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, Museu de Arte Sacra de Paraty e Museu da Imigração do Estado de São Paulo) prevê quatro temáticas para exposições de longa duração:
– “Dos primórdios a Florianópolis”: o visitante ficará imerso em um grande mapping que reunirá as diferentes perspectivas – história, ocupação, cultura e futuro, sem perder a relação com a cidade. Uma linha do tempo digital informará o visitante sobre a história do município.
– “Primeiras Ocupações”: aprofundará o entendimento sobre os processos de ocupação do território, desde as sociedades sambaquieiras, a imigração açoriana, as influências afro por meio de objetos, textos e um vídeo-gráfico animado.
– “Florianópolis. Presente e Futuro": ambiente totalmente tecnológico, com grandes projeções, para discutir questões do município como: Transformação Urbana, Arquitetura, A Vida Cultural no Século XX, Ecossistemas a Preservar, Novas Migrações e Novas tribos, o futuro.
– “Florianópolis, Suas Gentes – Saberes e Fazeres da região": por meio de depoimentos orais em grandes projeções e ainda um módulo com a História do Edifício ícone da cidade, suas transformações até o Museu e, parte do acervo localizado durante o restauro, além de monitores touch screen com mais informações.
O acervo será constituído de forma gradual, com doações e, em regime de comodato com outras instituições, expondo peças significativas para a cidade. A primeira grande doação em negociação final é a da coleção privada eclética “Desterro 1.600 a 1.900”, de Marli Cristina Scomazzon, em negociação final. É composta por mapas, documentos, aquarelas, pintura em óleo, entre outros.
Após a abertura, o museu vai funcionar de domingo a domingo. Há previsão de cobrança de ingressos populares, bem como dias de gratuidade para a população e escolas da rede pública. Para a implantação, foi formada uma Comissão Consultiva composta pela equipe do Sesc e por órgãos do município.
Cabe ainda à Prefeitura Municipal de Florianópolis, fazer a entrega da documentação legal do imóvel, como: o habite-se, o alvará de funcionamento do Corpo de Bombeiros, e o alvará da Vigilância Sanitária.
(FONTES: Circuito Cultural de Florianópolis, 2000 e Roteiro Autoguiado do Centro Histórico de Florianópolis, 2011)
Situada na Rua dos Ilhéus, esquina com a Rua Tiradentes, em frente à Praça XV de Novembro, nas proximidades da Catedral e Palácio Cruz e Souza, em localização estratégica e no coração do Centro Histórico, a antiga Casa de Câmara e Cadeia foi construída entre 1771 e 1780, com paredes de pedras argamassadas com óleo de baleia, areia e cal, pelo arquiteto Tomás Francisco da Costa. Foi de grande valor no contexto político social da cidade, onde eram empossados presidentes da província, realizadas festas e bailes oficiais.
Conforme determinava a tradição portuguesa, em seu pavimento superior funcionava a Assembleia Legislativa Provincial, além do Paço da Câmara e do Senado. Em 25 de março de 1888, no seu plenário, foram entregues as últimas cartas de liberdade de escravos da capital. Em seu piso térreo, serviu como cadeia para infratores da lei, rebeldes, escravos e loucos. A cadeia foi desativada em 1930, com a inauguração da Penitenciária no bairro da Agronômica. O sobrado luso-brasileiro foi mudando com as reformas, até, em 1896 incorporou a decoração eclética, com alguns signos barrocos. Nos últimos anos em atividade, o prédio abrigou a Câmara Municipal de Florianópolis.
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