Entre 15 de maio e 15 de julho de 2018, os escritores Manoela Sawitzki e Diego Callazans estiveram imersos em seus projetos literários em Santa Catarina. Os dois foram selecionados pelo edital de Residência Literária, projeto do Sesc destinado a impulsionar a carreira de escritores nacionais.
Durante 60 dias, eles puderam se dedicar integralmente a escrever seus livros, hospedados no Hotel Sesc Cacupé, em Florianópolis e no Hotel Sesc Blumenau. Para isso, além da estadia, receberam um auxilio financeiro de R$5 mil por mês.
Para concorrer à vaga, cada um deles apresentou o projeto de um livro a ser escrito durante a Residência. Manoela trouxe o romance “Vinco” para finalizar em Santa Catarina, e Diego, o romance “Urinol”.
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“Foi uma experiência impressionante. A impressão que eu tive foi que esse deslocamento produziu uma abertura e refinou uma porção de coisas sobre o livro que surgiram com força aqui. Como se essa experiência de sair da vida e poder ter uma dedicação exclusiva permitisse que eu pudesse mergulhar e refinar a atenção pra história”, conta Manoela.
Já Diego conseguiu expandir o projeto inicial, e escreveu dois romances durante a estada: “Os dois meses da Residência foram bastante produtivos. Eu passava a maior parte do dia dedicado exclusivamente a escrever, não saia muito. E com isso consegui terminar em duas semanas o romance pelo o qual vim para cá. E uma vez que concluí o romance, tive um sonho em Blumenau que me deu a base para uma nova história”, narra o autor.
Rotina
Uma das principais vantagens da Residência Literária foi ter um dia a dia totalmente dedicado ao ofício. Dessa forma, cada um deles criou sua própria rotina de produção. Para Manoela, escrever não era somente sentar em frente ao computador: “Eu fui me adaptando muito ao lugar. Fui percebendo os momentos em que tinha sol, que era bom de estar no mirante. Encontrei uns cantos no hotel bons para escrever, e ao mesmo tempo ficar ao ar livre. Eu tinha uma rotina assim, de café da manhã, ler um pouco, e depois construir meu ‘escritório’ pelo hotel. Eu nunca contei quantas horas por dia eu escrevi, porque fiquei muito mergulhada no processo. Pra mim, escrever não é só sentar no computador e ficar escrevendo. É olhar para as coisas, ficar em silêncio, conversar com pessoas, ler também. E isso tudo eu fui fazendo. Eu tinha uma rotina diária de ir fazendo”.Diego, por sua vez, chegava a passar 10 horas por dia escrevendo: “Às vezes eu estava sem vontade de escrever, mas eu falava ‘vou escrever pelo menos um capítulo’. Aí eu sentava, e acabava escrevendo três capítulos. Como eu estava totalmente dedicado à escrita, tinha dias que eu passava 10 horas escrevendo. Tomava café, vinha para o quarto, escrevia até o almoço, depois ia almoçar, voltava, escrevia até o jantar, jantava , voltava e escrevia um pouco mais. Por isso que eu acabei escrevendo tão rápido o material, porque eu dediquei muitas horas a isso”.
Momento marcante
Para Diego, o mais marcante foi poder conhecer escritores locais: “Foi muito marcante a oficina que eu dei em Blumenau, ‘Poesia, da produção à publicação’, e tive contato com alguns autores de Blumenau. Também foi marcante quando eu cheguei a Florianópolis e conheci alguns autores daqui e essa troca de experiências foi bem interessante. Tanto é que acabou ajudando o segundo livro a ser feito, porque eu peguei bastante do sotaque. Como ele se passa em Santa Catarina, eu peguei muito do sotaque e muitas informações sobre Blumenau e Florianópolis com esse autores. Foi muito interessante”.Já Manoela acredita que toda a experiência da Residência Literária foi especial: “A permanência toda foi muito marcante. Não é exagero dizer que ela foi transformadora. Ela foi transformadora para o livro. E me colocou numa posição em que eu me senti capaz de realmente me entregar totalmente para a experiência. Sem outras demandas e cobranças. Isso nunca tinha acontecido”.
Próximos passos
Manoela e Diego inauguram agora uma nova fase em suas carreiras literárias, mas têm bastante trabalho pela frente.“Como eu acabei descobrindo coisas novas sobre o livro enquanto estava aqui, sobre os personagens, a história, a estrutura, os próximos passos vão ser encerrá-lo. Eu ainda vou ter que fechar o livro, tenho algumas arestas para aparar. Na volta para casa eu vou fazer isso. E dar início ao processo editorial. Além de voltar para minha pesquisa de doutorado”, planeja Manoela.
“Publicar os livros, e uma vez publicados vou começar a ver os próximos textos que eu vou fazer. E tentar emplacar mais oficinas e esse tipo de trabalho ligado diretamente à escrita, para ver se eu consigo deslanchar como escritor profissional”, afirma Diego.
Confira a seguir as entrevista completas:
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