Apresentação

Firmado o contrato entre a Prefeitura de Florianópolis e o Sesc para a implantação do Museu de Florianópolis e gestão do espaço por 20 anos, o Sesc abriu uma licitação para a concepção da expografia do Museu cuja tipologia e característica principal, de acordo com o Termo de Referência da Prefeitura, ser um Museu de Cidade.

 

A seleção deu a EXPOMUS a concessão para elaborar o projeto expográfico do Museu de Florianópolis, seguindo as diretrizes descritas no Termo de Referência.

 

A concepção expográfica para a instalação do Museu de Florianópolis buscou apresentar a evolução da ocupação territorial de Florianópolis e região, desde o período pré-cabralino aos dias atuais, com projeção de ocupação futura, bem como da evolução econômica, histórica e cultural, além da história do prédio que abriga o museu (conforme Termo de Referência Sesc)

Conceito Gerador Museográfico: Museu de Cidade

O Museu de Florianópolis elege o território como objeto de estudo, reflexão e comunicação, mais do que a cidade politicamente constituída: o território que contempla as diferentes dimensões arqueológica, geográfica , cultural e simbólica, para onde as temporalidades convergem e se cruzam.   

 

A periodização histórica revista na tradição de estudos da Nova História Cultural questiona a ideia de “evolução” e a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500, como marco fundante da narrativa sobre a história do país. Em vez disso, reconhecem-se as experiências pré-coloniais na América Latina, rompendo-se com a cronologia linear da história, marcada por grandes feitos e heróis.   

 

Na atualidade, busca-se apresentar uma história diversa, com sujeitos e acontecimentos esquecidos ou silenciados. Entende-se que o Museu deve ser, portanto, uma instituição ativa, capaz de traduzir em escala os sonhos e os conflitos da população.

 

Para além das questões e análises relativas ao território propriamente ditas, um Museu de Cidade deve estar disponível a analisar e a reinterpretar as condições de vida de diferentes parcelas da população. Um Museu de Cidade, como instituição múltipla e diversa, deve estar voltado para o interesse público, a democratização do acesso e do conhecimento sobre a cidade na qual está inserido.

   

Uma cidade se transforma todos os dias e um Museu dedicado a refletir sobre um município deve olhar para todos os seus aspectos, do passado, do presente e pensar sobre o seu futuro. Criado a partir desse conceito, o Museu de Florianópolis visa integrar-se a outros museus de cidade do país e do mundo, estendendo suas possibilidades de interface com a população por meio da articulação entre as perspectivas histórica, antropológica e cultural. Isso significa ir além do modelo tradicional de museu de cidade, que nasce bastante vinculado aos museus históricos, guardiões da memória oficial de grandes personalidades ou efemérides locais.   

 

Para traduzir e incorporar o conceito gerador museográfico de Museu de Cidade ao Museu de Florianópolis, a narrativa da exposição foi pensada para o período inicial de três anos a partir de uma ocupação que contempla a complexidade de questões históricas do município, valorizando as memórias pessoais e os fóruns de discussões.

Pesquisa de Conteúdos de Cada Módulo

Como temáticas preliminares, foram colocados os seguintes norteadores:

 

- Explorar o elemento lúdico “água” como conexão entre o passado e o futuro;

- Caracterizar o Patrimônio Natural de Florianópolis;

- Explorar o fluxo migratório como elemento transformador do território;

- Dar ênfase na importância da Ilha de Santa Catarina durante o período das navegações e como posição estratégica no Atlântico Sul para a coroa portuguesa, inserindo-a no contexto mundial;

- Apresentar as transformações territoriais decorrentes da sua estruturação como capital do Estado de Santa Catarina; 

- Caracterizar e propor reflexões sobre o processo de ocupação ocorrido em Florianópolis no último século;

- Apresentar as diferentes identidades culturais presentes em Florianópolis através do patrimônio material (objetos, edificações) e imaterial (gastronomia, artesanato, danças, músicas, mitos e lendas, folclore...);

- Discorrer sobre o prédio que abriga o museu, desde sua construção aos seus usos na história (Termo de Referência Sesc).   

 

A proposta definitiva de pesquisa delineou-se a partir da perspectiva da Nova História Cultural, a qual vem orientando a historiografia brasileira desde a década de 1990. Isso significa uma mudança de paradigmas na escrita da história. Mais recentemente, os Estudos Pós/Decoloniais também passaram a enfatizar revisões importantes na narrativa historiográfica, tais como as marcas da colonialidade e a abertura para outras noções de tempo.   

 

A curadoria, enquanto um campo de conhecimento que também atua na construção de narrativas, esteve baseada no estudo da história de Florianópolis e da própria cidade como objeto de estudo. Assim, as temáticas preliminares indicadas ao desenvolvimento da proposta foram consideradas à luz dessas questões. Desse modo, a água como elemento lúdico foi traduzida no projeto como o eixo norteador das exposições temporárias, propondo refletir sobre a cidade de Florianópolis como um território banhado por mar. Desse tema, desmembram-se os demais, tais como as visões do outro e de si, as paisagens naturais, os fluxos migratórios, as ocupações, transformações urbanas, práticas e saberes diversos.   

 

Nos vestígios do tempo, patrimônio material e imaterial da cidade, podemos observar fragmentos de memória, reconstruindo a história de Florianópolis a partir do tempo presente. O prédio da Casa de Câmara e Cadeia, por exemplo, aparece como um sítio arqueológico que guarda parte dessa história fragmentada, que precisa ser recuperada, preservada e problematizada. 

Pesquisa e Seleção de Acervos

O Museu é constituído por acervos cedidos temporariamente por instituições ou pessoas físicas, que traduzem a temática proposta e que estão de acordo com o seu Plano Museológico, utilizando suportes, mídias e tecnologias contemporâneas para a exposição do tema (Termo de Referência Sesc).  

 

Para a montagem do acervo físico, contamos com a parceria de cessão de peças das seguintes instituições e Pessoas Físicas.

Projeto Expográfico - Exposição de Longa

A projeto expográfico do Museu de Florianópolis, parte da ideia de “Museu de Cidade” e de “Cidade do Museu”, sendo estruturada em módulos com fluxo de visitação livre, cuja narrativa inicia no interior do edifício e se expande para o seu exterior. As diferentes opções temáticas e as variadas soluções expositivas apresentam um circuito equilibrado de experiências. Por um lado, tem-se no andar superior uma imersão poética (Módulo 1), fluxos e atravessamentos (Módulo 2) e discussões atuais (Módulo 3). Por outro, tem-se no andar térreo narrativas orais (Módulo 4), história do edifício (Módulo 5), a missão do museu (Módulo 6), o trabalho do educativo (Módulo 7) e o da reserva técnica (Módulo 8).   

 

Ainda, o Módulo de Acolhimento incorpora os lugares de passagem do edifício como áreas expositivas: a recepção, a escadaria, o corredor central de circulação e a conexão para o edifício anexo situam os visitantes no percurso para as salas expositivas, propondo um repertório de reconhecimento inicial sobre o espaço e a temática do Museu. Para isso, apresenta-se na recepção um painel multimídia contendo o mapeamento dos museus e equipamentos culturais de Florianópolis; na escadaria, expressões típicas do linguajar local; no corredor central de circulação do pavimento superior, um videowall com uma nuvem de palavras organizada por assuntos que embasam os temas abordados nas outras salas; na conexão para o edifício anexo, prospecções realizadas na Casa de Câmara e Cadeia, lembrando que assim como o edifício, o próprio município é um sítio arqueológico.

 

Ao todo, foram convidados 19 profissionais, dentre os quais professores, pesquisadores, personagens, agentes culturais e gestores da cidade, para compor seis mesas temáticas, cada qual alusiva a uma sala da exposição de longa duração do Museu de Florianópolis, a saber: Um Edifício, muitas memórias, que mostra a importância do imóvel que abriga o Museu como patrimônio cultural que extrapola os limites do valor arquitetônico ou puramente estético, provocando reflexões sobre a sua história; Vozes da Cidade, onde são exibidos depoimentos de pessoas ilustres e anônimas, que buscam refletir as múltiplas vozes que compõem a cidade; Ventos e Marés, de Meiembipe a Florianópolis, que aborda a intensa relação de Florianópolis com o seu território, em sua ocupação, desenvolvimento, transformações urbanas e papel estratégico como cidade; Fluxos e Atravessamentos, que destaca a diversidade que maraca a trajetória de Florianópolis como cidade, através de temas como a presença indígena e a negra, a terra e o trabalho, e o universo da pesca e dos engenhos; Florianópolis, presente e futuro, que apresenta temas relacionados à contemporaneidade da cidade, propondo reflexões úteis para a construção de um caminho crítico na visita e na vida da cidade; e Panoramas, cujo acervo principal é a cidade de Florianópolis, apresentada através de diferentes olhares, narrativas e sujeitos, englobados em distintos tempos e espaços que os constituem.




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